sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Fábula do Riacho


(Simone Guimarães e Cristina Saraiva) - Simone Guimarães

Se você quiser
Eu te levo pra um reino distante
E te mostro que lá adiante
Por detrás dessa mata
Há um riacho de água clara
E que quando a lua
Em noite escura é prata
Mas se a noite é de medo e procura
Nos vem com doçura
Levar a tristeza
Mostrar a beleza
De um peito em flor
E nos faz correnteza
Nas águas estranhas do amor
Então com brandura
Nos faz cometer a loucura

Há flores diversas
Que o vento dispersa
Num chão de aquarela
Estrada mais bela
Que apenas te espera
Se você quiser

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Maura


(Oswaldo Melodia) - Luiz Melodia

Ô Maura
Vem matar minha saudade
Não tenho felicidade
Desde o dia em que me abandonou
O meu prazer
É viver embriagado
Só assim esse coitado
Não recorda o que passou

Tu não te lembras
Da nossa felicidade
Ao princípio da amizade
Nosso amor era uma flor
Hoje só resta
Para minha grande mágoa
Os meus olhos rasos d'água
Nunca mais se enxugou

Quem é Cover de Quem


(Itamar Assumpção) - Itamar Assumpção

Nasceste no Rio Estácio e eu em São Paulo Tietê
Os nossos passos com passos afirmam ter tudo a ver
Não só na tonalidade e também no jeitão de ser
Circula pela cidade
Circula pela cidade
que sou cover de você

Tu és pérola negra já desde setenta e dois
Eu inventei Beleleú só oito anos depois
Além deste pela preta coisa comum em nós dois
Idéias, músicas, letras
Idéias, músicas, letras
não são só feijão com arroz

Dizem formamos de fato um belo par de malditos
Te chamam de Negro Gato me tratam de Nego Dito
E já que talento é inato isto tudo estava escrito
Num mundo cheio de chatos
Num mundo cheio de chatos
Até que somos São Beneditos

No mais sambamos de tudo
Funk; soul; blues; jazz; rock and roll
Trocamos tudo em miúdos gravamos num disc show
Paixão amor sobretudo aquele que começou
Mais grave ou mais agudo
Mais grave ou mais agudo
slow speed or speed slow

Só falta agora contar o que que houve outro dia
Assim que entrei num bar desses de periferia
Alguém começou gritar jurou que me conhecia
Mais no lugar de Itamar
Mais no lugar de Itamar
disparou Luiz Melodia

Então por essas e outras que vamos contemporâneos
Compositor tão ilustre, tão bom ser teu conterrâneo
Tu abres eu fecho a boca já há mais de vinte anos
Então baby não se assuste
Então baby não se assuste
pérola negra eu te amo

Eu Vou Tirar Você do Dicionário


(Itamar Assumpção) - Zélia Duncan

Eu vou tirar do dicionário
A palavra você
Vou trocá-la em miúdos
Mudar meu vocabulário
E no seu lugar
Vou colocar outro absurdo
Eu vou tirar suas impressões digitais
Da minha pele
Tirar seu cheiro
Dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto

Eu vou tirar você de letra
Nem que tenha que inventar
Outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
Com quantos "nãos" se faz um sim

Eu vou tirar o sentimento
Do meu pensamento
Sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento
A qualquer momento
Procurar outra lembrança
Eu vou tirar, vou limar de vez sua voz
Dos meus ouvidos
Eu vou tirar você e eu de nós
O dito pelo não tido

Eu vou tirar você de letra
Nem que tenha que inventar
Outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
Com quantos "nãos" se faz um sim

Bonito


(Ivan Lins e Vitor Martins) - Ivan Lins

Podia ser um fox-trot
Até mesmo mais um rock
Até porque nunca pintou de minha parte
O preconceito, o despeito
O disparate, a intelorância
Quero distância
De quem pensa assim de mim
Eu quero todo o meu direito
E o que preciso
Pois simplesmente não resisto ao bonito
Quero o sorriso da Iara e suas rosas
Correndo as mesas
Pelas noites da cidade
Tão maravilhosa

Não é saudade
Nem por falta de caminho
Querer a flauta
O violão e o cavaquinho
Caminho a gente faz
Saudade a gente mata
Ou então descarta
Suporta
E fim

Sou mais Portela
Com a cabeça do Paulinho
Sou mais Elis
Ainda que depois da porta
Sou mais Aldir e o bom Bosco
Para sempre, para sempre
O Nazaré, o Radamés e o Jobim
Sou mais a noite
Com a Leny e o Luis Eça
Depois um chopp geladinho
E pouca pressa

Um Sonho


(Gilberto Gil) - Gilberto Gil

Eu tive um sonho
Que eu estava certo dia
Num congresso mundial
Discutindo economia
Argumentava
Em favor de mais trabalho
Mais emprego, mais esforço
Mais controle, mais-valia
Falei de pólos
Industriais, de energia
Demonstrei de mil maneiras
Como que um país crescia
E me bati
Pela pujança econômica
Baseada na tônica
Da tecnologia
Apresentei
Estatísticas e gráficos
Demonstrando os maléficos
Efeitos da teoria
Principalmente
A do lazer, do descanso
Da ampliação do espaço
Cultural da poesia
Disse por fim
Para todos os presentes
Que um país só vai pra frente
Se trabalhar todo dia
Estava certo
De que tudo o que eu dizia
Representava a verdade
Pra todo mundo que ouvia
Foi quando um velho
Levantou-se da cadeira
E saiu assoviando
Uma triste melodia
Que parecia
Um prelúdio bachiano
Um frevo pernambucano
Um choro do Pixinguinha
E no salão
Todas as bocas sorriram
Todos os olhos me olharam
Todos os homens saíram
Um por um
Um por um
Um por um
Um por um
Fiquei ali
Naquele salão vazio
De repente senti frio
Reparei: estava nu
Me despertei
Assustado e ainda tonto
Me levantei e fui de pronto
Pra calçada ver o céu azul
E os estudantes
E operários que passavam
Davam risada e gritavam:
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!

A Cara do Brasil


(Celso Viáfora, Vicente Barreto) - Celso Viáfora

Eu estava esparramado na rede
jeca urbanóide de papo pro ar
me bateu a pergunta, meio à esmo:
na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
ou o que vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
o que vai é o que vem na contra-mão?

O Brasil é um caboclo sem dinheiro
procurando o doutor nalgum lugar
ou será o professor Darcy Ribeiro
que fugiu do hospital pra se tratar

A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
decerto então nunca vai dar


O Brasil é o que tem talher de prata
ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome
ou tem nele o maná da criação?

Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
que é o Brasil zero a zero e campeão
ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão

A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho...

O Brasil é uma foto do Betinho
ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília
ou os trens de subúrbio da Central?
Brasil-globo de Roberto Marinho?
Brasil-bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
ou quem das ilhas vê o Vidigal?

O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação?

A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho ...

Aguapé


(Edmundo Souto e Paulinho Tapajós) - Simone Guimarães
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Lá do outro lado do arvoredo
Vive o meu amor escondido
Um passarinho contou

Voa sabiá vá encontrar
Meu bem querer vá lá dizer
Meu bem-te-vi longe daqui
Sou curió cantando só
Uirapurú do Pajeú
Sem um xodó num cafundó
Volta prá aqui meu colibri

Lembra do fubá do gravatá
Do cangerê do Pererê
Do jaboti do Guarani
Do bororó do mocotó
Do meu bambú do babaçú
De Marajó do Tororó
Jamais te vi meu colibri

Lembra do cajá do butiá
Do aguapé pé de café
Da juriti do açaí
Do abricó de Mossoró
Do inhambú mandacarú
Do pão de ló nó de jiló
Volta pra aqui meu bem-te-vi

Tenho um ninho guardado
Para o meu namorado
Deixei lá em segredo
Porque ainda era cedo
Aguardando o pedido
Tenho um ninho escondido
Ele vive guardado
Pra você me guardar

Passarim


(Antonio Carlos Jobim / Paulo Jobim) - com Tom Jobim

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração..
Que me devora o coração..
Que me maltrata o coração..
Que me maltrata o coração..

E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..

Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou

Todo Azul do Mar


(Flávio Venturini E Ronaldo Bastos) - com Beto Guedes e Roupa Nova

Foi assim, como ver o mar
A primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar
Não tive a intenção de me apaixonar
Mera distração e já era momento de se gostar

Quando eu dei por mim nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei no azul do mar
Sabia que era amor e vinha pra ficar

Daria pra pintar todo azul do céu
Dava pra encher o universo da vida que eu quis pra mim

Tu...do que eu fiz foi me confessar
Escravo do seu amor, livre pra amar
Quando eu mergulhei fundo nesse olhar
Fui dono do mar azul, de todo azul do mar

Foi assim, como ver o mar
Foi a primeira vez que eu vi o mar
Onda azul, todo azul do mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando mergulhei no azul do mar

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Assentamento


(Chico Buarque) - com Edu Lobo

Quando eu morrer, que me enterrem na
beira do chapadão
-- contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração
(*apud - Guimarães Rosa)

Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora

Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora

Terra


(Caetano Veloso) - com Caetano Veloso

Quando eu me encontrava preso
Nas celas de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim coberta de nuvens
Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria

Ninguém supõe a morena
Dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema
Manda um abraço pra ti, pequenina
Como se eu fosse o saudoso poeta
E fosses a Paraíba
Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria

Eu estou apaixonado por uma menina
Terra, signo de elemento
Terra, do mar se diz
Terra à vista
Terra, para o pé firmeza
Terra, para a mão carícia
Outros astros lhe são guia
Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria

Eu sou um leão de fogo
Sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente
E de nada valeria
Acontecer de eu ser gente
E gente é outra alegria
Diferente das estrelas
Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria

De onde nem tempo nem espaço
Que a força mande coragem
Pra gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas no nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne
Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria

Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria

Cheiro de Mato


(Fátima Guedes) - com Fátima Guedes

Ai, ai o mato, o cheiro,o céu
O rouxinol no meio do Brasil
O Uirapuru canta prá mim
E eu sou feliz
Só por poder ser
Só por ser de manhã, manhã, manhã
Manhã, manhã
Nessa clareira o Sol
Se despe feito brincadeira
Envolve quente a todo ser vivente

Taperebá
Canela, tapinhoã, nã nã nã nã
Não faço nada
Que perturbe a doida a louca passarada
Ou iniba qualquer planta dormideira
Ou assuste as guaribas na aroeira
Em contra-ponto com pardais urbanos
Tão felizes soltos dentro dos meus planos
Mais boquiabertos que os meus vinte anos
Indóceis e livres como eu

Flor do Medo


(Djavan) - com Djavan

Venha me beijar de uma vez
Você pensa demais
Pra decidir
Venha a mim de corpo e alma
Libera e deixa o que for
Nos unir
Não vá fugir mais uma vez
Vença a falta de ar
Que a flor do medo traz
Tente pensar
Pode até ser mau e tal
Mas pode até ser
Que seja demais
Tudo vai mudar
Posso pressentir
Você vai lembrar e rir
Alguma dor
Que não vai matar ninguém
Pode ser vista e nos rondar
Não precisa se assustar
Isso é clamor
De amor
Venha me beijar de uma vez
Feito nuvem no ar
Sem aflição
Venha a mim de corpo e alma
Libera a paz do meu coração
Não vá se perder outra vez
Nesse mesmo lugar
Por onde já passou
Tente pensar
Pode até ser sonho e tal
Mas pode até ser
Que seja o amor

Na Batucada da Vida


(Ary Barroso/Luiz Peixoto) - com Tom Jobim

No dia em que eu apareci no mundo
Juntou uma porção de vagabundos da orgia
De noite houve samba e batucada
Que acabou de madrugada
Em grossa pancadaria
Depois do meu batismo de fumaça
Mamei um litro e meio de cachaça
Bem puxado
E fui adormecer como um despacho
Deitadinha num capacho
Na porta dos enjeitados
Cresci olhando a vida sem malícia
Quando um cabo de polícia
Despertou meu coração
E como eu fui pra ele muito boa
Me deixou na vida à toa
Desprezada como um cão
E hoje que eu sou mesmo da virada
E que eu não tenho nada, nada
E por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me esmolambando
Seguirei sempre sambando
Na batucada da vida

Maria Ninguém


(Carlos Lyra) - com João Bosco

Maria ninguém
É Maria e é Maria meu bem
Se eu não sou João de nada
A Maria que é minha
É Maria ninguém
Maria ninguém
É Maria como as outras também
Só que tem que ainda é melhor
Do que muita Maria que há por aí
Marias tão frias, cheias de manias
Marias vazias pro nome que tem
Maria ninguém
É um dom que muito homem não tem
Haja visto quanta gente que chama Maria
E Maria não vem
Maria ninguém
É Maria e é Maria meu bem
Se eu não sou João de nada
A Maria que é minha
É Maria ninguém

Dupla Traição


(Djavan) com Nana Caymmi

Você chegou
Você me viu
Você falou
Você me iludiu
Me beijou
E agora amor?
Você dormiu, se retirou e eu fiquei
Você destruiu o que fez
E agora, amor?
Na minha opinião
Isso é dupla traição
Se você não sabe pedir perdão
Volta que eu quero morrer de alegria
Depois agradecer

Doralice


(Dorival Caymmi / Antônio Almeida) com Verônica Sabino e Roberto Menescal

Doralice eu bem que lhe disse, Amar é tolice, É bobagem, ilusão
Eu prefiro viver tão sozinho, Ao som do lamento do meu violão
Doralice eu bem que lhe disse, Olha essa embrulhada, Em que vou me meter
Agora amor, Doralice meu bem, Como é que nós vamos fazer?
Um belo dia você me surgiu, Eu quis fugir mas você insitiu
Alguma coisa bem que andava me avisando, Até parece que eu estava adivinhando
Eu bem que não queria me casar contigo,
Bem que não queria enfrentar, esse perigo Doralice
Agora você tem que me dizer, Como é que nós vamos fazer?

Viola Fora de Moda


(Edu Lobo e Capinan) - com Geraldo Azevedo

Moda de viola
De um cego infeliz
Podre na raiz, ah, ah

Vivo sem futuro
Num lugar escuro
E o diabo diz, ah, ah

Disso eu me encarrego
Moda de viola
Não dá luz a cego, ah, ah

sábado, 25 de junho de 2011

Vevecos, Canelas e Panelas


(Milton Nascimento e Fernando Brant) - com Beto Guedes

Eu não tenho compromisso, eu sou biscateiro
Que leva a vida como um rio desce para o mar
Fluindo naturalmente como deve ser
Não tenho hora de partir, nem hora de chegar

Hoje tô de bem com a vida, tô no meu caminho
Respiro com mais energia o ar do meu país
Eu invento coisas e não paro de sonhar
Sonhar já é alguma coisa mais que não sonhar

Para que não me conhece eu sou brasileiro
Um povo que ainda guarda a marca interior
Para quem não me conhece, eu sou assim mesmo
De um povo que ainda olha com pudor
Que ainda vive com pudor

Queria fazer agora uma canção alegre
Brincando com palavras simples, boas de cantar
Luz de vela, rio, peixe, homem, pedra, mar
Sol, lua, vento, fogo, filho, pai e mãe, mulher

Para que não me conhece eu sou brasileiro
Um povo que ainda guarda a marca interior
Para quem não me conhece, eu sou assim mesmo
De um povo que ainda olha com pudor
Que ainda vive com pudor

Coração Selvagem


(Belchior) - com Belchicor

Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo
Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver
Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar meu coração cuidado é frágil;
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"
Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo , vem morrer comigo
Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho, algum punhal de amor traído, completara o meu destino.
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo
Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem
Que outros cantores chamam baby (4 x)

Saci


(Guinga e Aldir Blanc) - com Guinga

Quem vem vindo ali
É um preto retinto e anda nu
Boné cobrindo o pixaim
E pitando um cachimbo de bambu

Vem me acudir
Acho que ouvi seu assovio
Fiquei até com cabelo em pé
Me deu arrepio, frio

Quem vem vindo ali
Tá capengando numa perna só
Só pode ser coisa ruim
Como bem dizia minha vó

Diz que ele vem
Montado num roda-moinho
Já sei quem é, já vi seu boné
Surgir no caminho

Quando ele vê que eu´me benzi
E que eu me arredo, cruz credo
Solta uma gargalhada
Some na estrada
É o Saci

Coisas do Brasil


(Guilherme Arantes/ Nelson Motta) - com Guilherme Arantes

Foi tão bom te conhecer, tão fácil te querer
Triste não te ver por tanto tempo
É bom te encontrar, quem sabe feliz
Com a mesma alegria
De no ... vo
Mais uma vez, amor
Te abraçar, de verdade
Há sempre um novo amor
E uma no ... va saudade

Coisas do Brasil, coisas do amor
Luzes da cidade acendendo o fogo das paixões
Num bar à beira-mar
No verde-azul do Rio
De Janei ... ro
Mais uma vez, amor
Te abraçar, de verdade
Há sempre um novo amor
E uma no ... va saudade

Coisas do Brasil, coisas do amor
Luzes da cidade acendendo
O fogo das paixões
Num bar à beira-mar
No verde-azul do Rio
De Janei ... ro

Coisas do Brasil, coisas do amor
Luzes da cidade acendendo o fogo das paixões
Num bar à beira-mar
No verde-azul do Rio

Não Me Arrependo


(Caetano Veloso) - com Caetano Veloso

Eu não me arrependo de você
Cê não me devia maldizer assim
Vi você crescer
Fiz você crescer
Vi cê me fazer crescer também
Prá além de mim...

Não, nada irá neste mundo
Apagar o desenho que temos aqui
Nem o maior dos seus erros
Meus erros, remorsos
O farão sumir..

Vejo essas novas pessoas
Que nós engendramos em nós
E de nós
Nada, nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz
Nada, nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz...

Êh! Êh! Êh! Êh! Êh! Êh!
Êh! Êh! Êh! Êh! Êh! Êh!
Êh! Êh! Êh! Êh! Êh! Êh!
Êh! Êh! Êh! Êh! Êh! Êh!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mano a Mano


(Chico Buarque e João Bosco) - com Chico Buarque

Meu pára-choque com seu pára-choque
Era um toque
Era um pó que era um só
Eu e meu irmão
Era porreta
Carreta parelha a carreta
Dançando na reta
Meu irmão
Na beira de estrada valeu
O que era dele era meu
Eu era ele
Ele era eu

Ela era estrela
Era flor do sertão
Era pérola d'oeste
Era consolação
Era amor na boléia
Eram cem caminhões
Mas ela era nova
Viçosa, matriz
Era diamantina
Era imperatriz
Era só uma menina
De três corações
E então

Atravessando a garganta
Jamanta fechando jamanta
Na curva crucial
Era uma barra, era engano
Na certa, era cano
Na mão, mano a mano
Pau a pau
Na beira de estrada se deu
Se o que era dele era meu
Ou era ele ou era eu

Ela era estrela
Era flor do sertão
Era pérola d'oeste
Era consolação
Era amor na boléia
Eram cem caminhões
Mas ela era nova
Viçosa, matriz
Era diamantina
Era imperatriz
Era só uma menina
De três corações
E então

Então lavei as mãos
Do sangue do
Meu sangue do
Meu sangue irmão
Chão

Atlântida


(Ivan Lins e Celso Viáfora) - com Celso Viáfora

Na praia da tua pele
na orla do teu domingo
eu brinco de navegar
e você flutua comigo

Que mares serão aqueles?
Mergulho e me desmilingüo
Marolas dentro de ti
são as ondas do Havaí

Dentro de ti
ao me afogar
eu descobri
Atlântida

Perto de ti
não vou dormir
pra não sonhar
com outra vida

Na ilha dos teus amores
aonde nasce o arco-íris
jamais anoitecerá
Tudo somos nós e o mar

Geraldinos e Arquibaldos


(Gonzaguinha) com Chicas

Mamãe não quer . . . não faça
Papai diz não . . . não fale
Vovó ralhou . . . se cale
Vovô gritou . . . não ande
Placas de rua . . . não corra
Placas no verde . . . não pise
No luminoso : . . não fume
Olha o hospital . . . silêncio
Sinal vermelho . . não siga
Setas de mão . . . não vire
Vá sempre em frente nem pense
É Contramão
Olha cama de gato
Olha a garra dele
É cama de gato
Melhor se cuidar
No campo do adversário
É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar
É cama de gato
Olha a garra dele
É cama de gato
Melhor se cuidar
No campo do adversário
É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar


Acalma a bola, rola a bola, trata a bola
Limpa a bola que é preciso faturar
E esse jogo tá um osso
É um angu que tem caroço
É preciso desembolar
E se por baixo não tá dando
É melhor tentar por cima
Oi com a cabeça dá
Você me diz que esse goleiro
é titular da seleção
Só vou saber mas é quando eu chutar

Pode escrever no quadro ô sinhá,
Deixa todo mundo ler
O bicho ruim quando não tem do que dar cabo
Primeiro morde o rabo e logo após
vai se comer, deixa comer!

Pode escrever no quadro ô sinhá,
Deixa todo mundo ler
O bicho ruim quando não tem do que dar cabo
Primeiro morde o rabo e logo após
vai se comer, deixa comer!

Matilda, Matilda
No campo do adversário
É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar!

Matilda, Matilda
No campo do adversário
É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar!

Incompatibilidade de Gênios


(João Bosco/Aldir Blanc) - com Chico Buarque

Dotô,
jogava o Flamengo, eu queria escutar.
Chegou,
Mudou de estação, começou a cantar.
Tem mais,
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
Sem dó falou,
sem dó falou ,que por ela eu podia cegar.

Se eu dou,
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
Bastou,
Durante dez noites me faz jejuar
Levou,
As minhas cuecas pro bruxo rezar.
Coou,
Meu café na calça prá me segurar

Se eu tô
Devendo dinheiro e vem um me cobrar
Dotô,
A peste abre a porta e ainda manda sentar
Depois,
Se eu mudo de emprego que é prá melhorar
Vê só,
Convida a mãe dela prá ir morar lá

Dotô,
Se eu peço feijão ela deixa salgar
Calor,

Mas veste o casaco veste casaco prá me atazanar
E ontem,
Sonhando comigo mandou eu jogar
No burro,
E deu na cabeça a centena e o milhar

Ai, quero me separar

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Máquina de Escrever


(Luís Capucho / Mathilda Kóvak) - com Patrícia Amaral

Meu coração é uma máquina de escrever
As paixões passam
As canções ficam
Os poemas respiram nas prisões

Pra ler um verso ouvir
Escuta meu coração falar
Até se calar a pulsação

Meu coração é uma máquina de escrever
No papel da solidão
Meu coração é
Da era de Gutemberg
Meu coração se ergue
Meu coração é
Uma impressão
Meu coração já era
Quando ainda não era a palavra emoção

Mas há palavras em meu coração
Letras e sons
Brinquedos e diversões
Que passem as paixões
Que fiquem as canções
Nos poemas nos batimentos
Das teclas da máquina de escrever
Meu coração é uma máquina de escrever ilusões
Meu coração é uma máquina de escrever
É só você bater pra entrar na minha história

Avenida São João


(Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel) - com Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel

Da janela do último andar
A cidade se suicida
É difícil nãos e jogar
É tão fácil acabar com a vida

Fim de tarde Avenida São João
Na cidade a natureza é meio morta
A saudade é o luar do sertão
É o catulo da paixão cantando moda
Noites morenas moça da roça
Verdes veredas Guimarães Rosa

Vento deu lá no buriti
Urubu arribou no ar
Meu amor se esqueceu
Que me prometeu
Que a gente ía se casar

E não tá fácil de ser feliz
Mas meu lado simples de ser
Diz que a gente é que é besta
E não pega a deixa
E não deixa acontecer

Fim de tarde Avenida São João
Na cidade a natureza é meio morta
A saudade é o luar do sertão
É o catulo da paixão cantando moda
Noites morenas moça da roça
Verdes veredas Guimarães Rosa

Se o assunto é viver "seu moço"
Viver sim é que é perigoso
É que o gozo tem preço
O certo é o avesso
E o medo não larga o osso

E não tá fácil de ser feliz
Mas meu lado simples de ser
Diz que a gente é que é besta
E não pega a deixa
E não deixa acontecer

Fim de tarde Avenida São João
Na cidade a natureza é meio morta
A saudade é o luar do sertão
É o catulo da paixão cantando moda
Noites morenas moça da roça
Verdes veredas Guimarães Rosa

Os Presentes


(Kléber Albuquerque) - com Eliana Printes

Que presentes te daria
Uma estrela vã do firmamento
Pra iluminar o vão do pensamento
Pra iluminar o vão do pensamento

Um TV na garantia
Árvores plantadas no cimento

E o meu perfume na rosa dos ventos
E o meu perfume na rosa dos ventos
E o meu perfume na rosa dos ventos

Um novo ritmo
Cartas de amor com frente e verso
E meu percurso nesse universo
E meu percurso nesse universo
E meu percurso nesse universo

Nas horas sem fim
Em que a dor não tem mais cabimento
É no teu prumo que eu me oriento
É no teu prumo que eu me oriento
É no teu prumo que eu me oriento

Catedrais de alvenaria
Senhas pra não mais perder a vez
Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês

Sete Luas


(Kléber Albuquerque) - com Kléber Albuquerque

Paredes lisas
Memórias ásperas
Eu tenho olhos ácidos
De tanto ver néon
Eu tenho olhos lúcidos
Eu tenho cara pálida
Eu tenho cara flácida
E tremores nas mãos
Eu tenho a idade escassa
Eu tenho noção de espaço
Eu tenho a saliva espessa
E trago a garganta seca
Sono profundo
Esperança rasa
De esperança rasa
Eu tenho razão

Três


(Marina Lima/Antônio Cícero) - com Marina Lima

Um
Foi grande o meu amor
Não sei o que me deu
Quem inventou fui eu
Fiz de você meu sol
Da noite primordial
E o mundo fora nós
Se resumia a tédio e pó
Quando em você
Tudo se complicou

Dois
Se você quer amar
Não basta um só amor
Não sei como explicar
Um só sempre é demais
Pra seres como nós
Sujeitos a jogar
As fichas todas de uma vez
Sem temer naufragar

Não há lugar pra lamúrias
Essas não caem bem
Não há lugar pra calúnias
Mas por que não nos reinventar?

Três
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com seu sexo junto ao mar

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Espelho


(Nonato Luis / Fausto Nilo) - com Fausto Nilo

Quero entrar no teu espelho misterioso
Eu quero ver essa luz
A gente olha
A gente sente
E até presente
Mas de repente tudo fica na memória

Quero dormir na imaginária cor
Do teu cabelo misterioso
Teu rosto é sério demais
Nos olhos negros
Onde brilha um tempo bom
Iluminando as lágrimas borradas
Em teu baton

Terral


(Hermenegildo Filho) com Ednardo, Amelinha e Belchior

Eu venho das dunas brancas
Onde eu queria ficar
Deitando os olhos cansados
Por onde a vida alcançar

Meu céu é pleno de paz
Sem chaminés ou fumaça
No peito enganos mil
Na Terra é pleno abril

Eu tenho a mão que aperreia, eu tenho o sol e areia
Eu sou da América, sul da América, South America
Eu sou a nata do lixo, eu sou o luxo da aldeia, eu sou do Ceará


Aldeia, Aldeota, estou batendo na porta prá lhe aperriá
Prá lhe aperriá, prá lhe aperriá
Eu sou a nata do lixo, eu sou o luxo da aldeia, eu sou do Ceará
A Praia do Futuro, o farol velho e o novo são os olhos do mar
São os olhos do mar, são os olhos do mar
O velho que apagado, o novo que espantado, vento a vida espalhou
Luzindo na madrugada, braços, corpos suados, na praia fazendo amor.

sábado, 11 de junho de 2011

A Mulher de Cada Porto


(Edu Lobo/Chico Buarque) com Edu Lobo

ELE
Quem me dera ficar meu amor, de uma vez
Mas escuta o que dizem as ondas do mar
Se eu me deixo amarrar por um mês
Na amada de um porto
Noutro porto outra amada é capaz
De outro amor amarrar, ah
Minha vida, querida, não é nenhum mar de rosas
Chora não, vou voltar

ELA
Quem me dera amarrar meu amor quase um mês
Mas escuta o que dizem as pedras do cais
Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto
Transbordava a baía com todas as forças navais
Minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas
Volta não, segue em paz

OS DOIS
Minha vida querido (querida) não é nenhum mar de rosas

ELE
Chora não

ELA
Segue em paz

Chansong


(Antônio Carlos Jobim) com Tom Jobim

When I arrived in New York
The immigration officer asked me
Where have you been Mr. Bim
Where have you been, Joe
You've been abroad for too long Mr. Bim
Haven't you been?
I got to the Hotel exhausted to my room
Having to attend a cocktail
Late that afternoon
And there my boss Nesuhi
An old friend of Jobim's said:
May introduce you to Gloria?
By all means
Buy all jeans

I've never been in Paris for the summer
I've never drank a Scotch with this bouquet
My life is such a mess let's have a Brahma
I'm happy that you called,
I really feel touché
Oh, it's been a long, a very long time
Since a Brazilian has been in Paris com você

You look so cute there wearing my pajamas
You look so sexy with my pince-nez
Let's hijack this Concord to the Bahamas
Come on dress up my love
Let's go to the ballet
Oh, it's been a long, a very long time
Since a Brazilian has danced with you
Le pas-de-deux

Paulista


(Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto) - com Fátima Guedes e Eduardo Gudin

Na Paulista
Os faróis já vão abrir
E um milhão de estrelas
Prontas pra invadir
Os jardins
Onde a gente aqueceu
Numa paixão
Manhãs frias de abril

Se a avenida
Exilou seus casarões
Quem reconstruiria
Nossas ilusões?
Me lembrei
De contar pra você
Nessa canção
Que o amor conseguiu

Você sabe quantas noites
Eu te procurei
Nessas ruas onde andei?
Conta onde passeia hoje
Esse seu olhar
Quantas fronteiras
Ele já cruzou
No mundo inteiro
De uma só cida de

Se os seus sonhos
Emigraram sem deixar
Nem pedra sobre pedra
Pra poder lembrar
Dou razão
É difícil hospedar
No coração
Sentimentos assim

Lugar Seguro


(Juraildes da Cruz) com Juraildes da Cruz

Eu guardo um segredo lindo
Um sonho estrelado
Fico da cor do sol nascendo emocionado
Vou sim flutuar
Comentar uma canção feliz
Não dá pra explicar
Só o sentimento diz
No amor esse mar sem fim
Sou marinheiro a se devotar
Que não volta fica no mar
Igual você morando em mim
Vem comigo descobrir
Um lugar seguro
O amor é a nave do futuro
Chave do coração do mundo

No Rastro da Lua Cheia


(Renato Teixeira e Almir Sater) com Almir Sater

No quintal lá de casa
Passava um pequeno rio
Que descia lá da serra
Ligeiro escorregadio
A agua era cristalina
Que dava pra ver o chão
Ia cortando a floresta
Na direção do sertão
Lembrança ainda me resta
Guardada no coração...

E tudo era azul celeste
Brasileiro cor de anil
Nem bem começava o ano
Já era final de Abril
O vento pastoreando
Aquelas nuvens no céu...
Fazia o mundo girar
Veloz como um carrossel
E levantava a poeira
E me arrancava o chapéu

Ah o tempo faz, tempo desfaz
E vai além sempre...

A vida vem lá de longe
É como se fosse um rio
Pra rio pequeno canoa
Pros grandes rios navios
E bem lá no fim de tudo
Começo de outro lugar
Será como Deus quiser
Como o destino mandar
No rastro da lua cheia
Se chega em qualquer lugar!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Todas Elas Juntas Num Só Ser


(Lenine / Carlos Rennó) - com Lenine

Não canto mais Babete nem Domingas,
nem Xica nem Tereza,de Ben Jor;
nem Drão nem Flora,do baiano Gil,
nem Ana nem Luiza,do maior;
já não homenageio Januária,
Joana,Ana,Bárbara de Chico;
nem Yoko,a nipônica de Lennon,
nem a cabocla de Tinoco e de Tonico.

Nem a tigresa nem a Vera Gata
nem a branquinha de Caetano;
nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha,do sertão pernambucano;
Nem Risoflora,a flor de Chico Science,
nenhuma continua nos meus planos;
nem Kátia Flávia,de Fausto Fawcett;
nem Anna Júlia do Los Hermanos.

Só você,
hoje eu canto só você;
só você
que eu quero porque quero,por querer.

Não canto de Melô Pérola Negra,
de Brown e Herbert,nem uma brasileira;
De Ari,nem a baiana nem Maria,
nem a Iaiá também,nem minha faceira;
de Dorival,nem Dora nem Marina
nem a morena de Itapoã;
divina garota de Ipanema,
nem Iracema,de Adoniran.

De Jackson do Pandeiro,nem Cremilda;
de Michael Jackson,nem a Billie Jean;
de Jimi Hendrix,nem a doce Angel;
nem Ângela nem Lígia,de Jobim;
nem Lia,Lily Braun nem Beatriz,
das doze deusas de Edu e Chico;
até das trinta Leilas de Donato
e da Layla,de Clapton,eu abdico.

Só você,
canto e toco só você;
só você,
que nem você ninguém mais pode haver.

Nem a namoradinha de um amigo
e nem a amada amante de Roberto;
e nem Michelle-me-belle,do beattle Paul,
nem Isabel - Bebel - de João Gilberto;
nem B.B.,la femme de Serge Gainsbourg,
nem,de Totó,na malafemmená,
nem a Iaiá de Zeca Pagodinho,
nem a mulata mulatinha de Lalá;

e nem a carioca de Vinícius
e nem a tropicana de Alceu
e nem a escurinha de Geraldo
e nem a pastorinha de Noel
e nem a namorada de Carlinhos
e nem a superstar do Tremendão
e nem a malaguenha de Lecuona
e nem a popozuda do Tigrão.

Só você,
hoje elejo e elogio só você;
só você,
que nem você não há nem quem nem quê.

De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
de Mário Lago e Ataulfo Alves,
não canto nem Emília nem Amélia,
nenhuma tem meus ''vivas'' e meus ''salves''!
E nem Angie,do stone Mick Jagger;
e nem Roxanne, de Sting, do Police;
e nem a mina do mamona Dinho
e nem as mina ? pá! - do mano Xiz!

Loira de Hervê,Loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel,o Pensador;
Laura de Mercer,Laura de Braguinha,
Laura de Daniel,o trovador;
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro Rei,o do Baião;
nenhuma delas hoje cantarei,
só outra reina no meu coração:

Só você,
rainha aqui é só você;
só você,
a musa dentre as musas de A a Z.

Se um dia me surgisse uma moça
dessas que,com seus dotes e seus dons,
inspira parte dos compositores
na arte das palavras e dos sons,
tal como Madallene,de Jacques Brel
ou como Madalena,de Martinho
ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry
ou a manequim do tímido Paulinho

ou como,de Caymmi,a moça prosa
e a musa inspiradora Doralice;
se me surgisse uma moça dessas,
confesso que eu talvez não resistisse;
mas,veja bem,meu bem,minha querida,
isso seria só por uma vez.
Uma vez só em toda a minha vida,
ou talvez duas,mas não mais que três!

Só você,
mais que tudo é só você;
só você,
as coisas mais queridas você é:

Você pra mim é o sol da minha noite,
é como a rosa luz de Pixinguinha;
é como a estrela pura aparecida,
a estrela a refulgir do Poetinha;
você,ó floré como a nuvem calma
no céu da alma de Luiz Vieira;
você é como a luz do sol da vida
de Stevie Wonder,ó minha parceira.

Você é pra mim o meu amor
crescendo como mato em campos vastos;
mais que a Gatinha pra Erasmo Carlos,
mais que a cigana pra Ronaldo Bastos,
mais que a divina dama pra Cartola,
que a domna pra Ventadorn,Bernart;
que a Honey Baby para Waly Salomão
e a Funny Valentine para Lorenz Hart!

(2x)Só você,
mais que tudo e todas,é só você;
só você
que é todas elas juntas num só ser!

Fonte da Saudade


(Kleiton e Kledir) com Kleiton e Kledir

Esse quarto é bem pequeno
Prá te suportar
Muito amor, muito veneno
Prá pouco lugar
O teu corpo é uma serpente
A me provocar
E teu beijo, a aguardente
A me embriagar...

Essa boca muito louca
Pode me matar
Se isso é coisa do demônio
Eu quero pecar
Fecha a luz, apaga a porta
Vem me carinhar
Diz aí prá minha tia
Que eu fui viajar...

Diz que fui
Prá Nova Iorque
Ou prá Bagdá
E que isso não é hora
De telefonar
Eu já sei que qualquer dia
Tudo vai dançar
Mas a fonte da saudade
Nem o tempo vai secar...

Essa boca muito louca
Pode me matar
Se isso é coisa do demônio
Eu quero pecar
Fecha a luz, apaga a porta
Vem me carinhar
Diz aí prá minha tia
Que eu fui viajar...

Diz que fui
Prá Nova Iorque
Ou prá Bagdá
E que isso não é hora
De telefonar
Eu já sei que qualquer dia
Tudo vai dançar
Mas a fonte da saudade
Nem o tempo vai secar...

Macaréu


(Paulo André Barata e Paulo César Pinheiro) com Sérgio Ricardo

No macaréu vai quem quer
Meu timoneiro de fé
Lambeu de novo a maré
Ronco-puco-ronco-puco-ronco
Arrepara é tanto tronco
Bubuiando no estirão, no estirão, no estirão
Paranatinga, meu mano,
O nosso rio, esse ano,
Despencou no varjão
Onda quebrou, onda bateu, onda
Derrubou toda maromba
Engoliu a plantação

Senhora das águas
Das icamiabas
Do rio amazonas
Oh! vem, minha mãe, vem me valer!
Deixa a palafita aqui de pé
Vem me proteger do macaréu que ronca no igarapé
Vem, lara, vem
Ouvir em santarém
O canto do pajé

domingo, 5 de junho de 2011

Meu Amor Meu Bem Me Ame


(Zeca Baleiro) - com Zeca Baleiro

Meu Amor, Meu Bem, Me Ame
Não vá prá Miami
Meu amor, meu bem me queira
Tô solto na buraqueira
Tô num buraco
Fraco como galinha d'angola...

Meu amor, meu amor manda
Não vá prá Luanda
Não vá prá Aruba
Se eu descer
Você suba aqui no meu pescoço
Faça dele seu almoço
Roa o osso e deixe a carne...

Meu amor, meu bem
Repare no meu cabelo
No meu terno engomado
No meu sapato
Eu sou um dragão de pêlo
Eu cuspo fogo
Não me esconda o jogo
Ou berro no ato...

Meu amor, meu bem me leve
De ultraleve
De avião, de caminhão
De zepelim...(2x)

Meu amor, meu bem, sacie, mate
Minha fome de vampiro
Senão eu piro
Viro Hare-Krishna
Hare Hare Hare
Não me desampare
Ou eu desespero...

Meu amor, meu bem me espere
Até que o motor pare
Até que marte nos separe...(2x)

Meu amor ele é demais
Nunca de menos
Ele não precisa
De camisa-de-vênus
Ouça o que eu vou dizer
Meu bem me ouça
O que ele precisa
É de uma camisa-de-força...(2x)

Meu amor, meu bem, sacie, mate
Minha fome de vampiro
Senão eu piro
Viro Hare-Krishna
Krishna Hare Hare!
Krishna Hare Hare!
Não me desampare
Ou desespero...

Meu amor, meu bem me espere
Até que o motor pare
Até que marte nos separe...(2x)

Meu amor ele é demais
Nunca de menos
Ele não precisa
De camisa-de-vênus
Ouça o que eu vou dizer
Meu bem me ouça
O que ele precisa
É de uma camisa-de-força...(3x)

Você é a minha cura
Se é que alguém tem cura
Você quer que eu
Cometa uma loucura
Se você me quer!
Cometa!...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sabes Mentir


(Othon Russo) com Djavan

Sabes mentir
Hoje eu sei que tu sabes sentir
Um falso amor
Abrigaste em meu coração

Sempre a iludir
Tu falavas com tanto ardor
Dessa paixão
Que dizias sentir

Mas tudo agora acabou
Para mim terminou a ilusão
Hoje esse amor já findou
E afinal para que amar

Sempre a iludir
Tu beijavas com afeição
Sempre a fingir
Uma falsa emoção

Sabes mentir
Hoje eu sei que tu sabes sentir
Um falso amor
Abrigaste em meu coração

Sempre a iludir
Tu falavas com tanto ardor
Dessa paixão
Que dizias sentir

Mas tudo agora acabou
Para mim terminou a ilusão
Hoje esse amor já findou
E afinal para que amar

Sempre a iludir
Tu beijavas com afeição
Sempre a fingir
Uma falsa emoção

Ai


(Tata Fernandes / Kléber Albuquerque) - com Rubi

Deu meu coração de ficar dolorido
Arrasado num profundo pranto
Deu meu coração de falar esperanto
Na esperança de se compreendido

Deu meu coração equivocado
Deu de desbotar o colorido
Deu de sentir-se apagado
Desiluminado
Desacontecido

Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
De um coração trespassado

"Eu te amo - disse.
E o mundo despencou-lhe nas costas. Não havia de sofrer tanto.
O mundo pesa sobre o amor. Leveza dá pena no espaço.
E se teu amor por mais pedra não voar: liberta tuas costas do peso que não carregas.
E se teu amor por mais pena não mergulhar: vai te banhar e olha-te no olhar que não te cega.
Se teu amor te pesa mais que o mundo que carregas: degela-o e deixa-o beber os deltas."

Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
No coração trespassado
Ai
Ai ai
Ai

Do Brasil


(Vander Lee) com Vander Lee

Falar do Brasil sem ouvir o sertão
É como estar cego em pleno clarão
Olhar o Brasil e não ver o sertão
É como negar o queijo com a faca na mão

Esse gigante em movimento
Movido a tijolo e cimento
Precisa de arroz e feijão
Quem tem a comida na mesa
Que agradeça sempre a grandeza
De cada pedaço de pão

Agradeça
Clemente que leva a semente em seu embornal
Zezé e o penoso balé de pisar no cacau
Maria que amanhece o dia lá no milharal
Joana que ama na cama do canavial
João que carrega a esperança
em seu caminhão pra capital

Lembrar do Brasil sem pensar no sertão
É como negar o alicerce de uma construção
Amar o Brasil sem louvar o sertão
É dar um tiro no escuro
Errar no futuro da nossa nação

Esse gigante em movimento
Movido a tijolo e cimento
Precisa de arroz com feijão
Quem tem a comida na mesa
Que agradeça sempre a grandeza
De cada pedaço de pão

Agradeça
Tião que conduz a boiada do pasto ao grotão
Quitéria que colhe miséria
quando não chove no chão
Pereira que grita na feira
o valor do pregão

Zé Coco, viola, rabeca, folia e canção
Zé Coco, viola, rabeca, folia e canção
Amar o Brasil é fazer do sertão a capital

Itamarandiba


(Milton Nascimento E Fernando Brant) com Milton Nascimento

No meio do meu caminho
Sempre haverá uma pedra
Plantarei a minha casa
Numa cidade de pedra
Itamarandiba, pedra comida
Pedra miúda rolando sem vida
Como é miúda e quase sem brilho
A vida do povo que mora no vale
No caminho dessa cidade
Passarás por Turmalina
Sonharás com Pedra Azul
Viverás em Diamantina
No caminho dessa cidade
As mulheres são morenas
Os homens serão felizes
Como se fossem meninos

Na Ribeira Desse Rio


(Dori Caymmi sobre poema de Fernando Pessoa) com Renato Braz

Na ribeira desse rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio
Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada
Vejo os rastros que ele traz
Numa seqüência arrastada
Do que ficou para trás
Vou vendo e vou meditando
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando
Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali
E do seu curso me fio
Porque se o vi ou não vi
Ele passa e eu confio
Ele passa e eu confio
Ele passa e eu confio

Se Meu Jardim Der Flor


(Tadeu Franco) com Tadeu Franco

Se meu jardim der flor
Colore minha saudade
No meio dessa cidade
Que a manhã clareou

Virá um beija-flor
Aqui, ali sem pousar
E vai entrar nos meus olhos
Só pra te encontrar

Dê asas ao amor
Que vive dentro de todo bom coração
Pro mundo ser mais bonito
Em cada palmo de chão.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Grávida


(Arnaldo Antunes) com Marina Lima

Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor

Eu tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz

Eu tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha, um cordão umbilical, um anticoncepcional
Um cartão postal

Eu tô grávida
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Vou dar a luz

Rave do Sertão


(Flávio Henrique) com Mariana Nunes

Foi numa festa lá em Feira de Santana
No forró da Mãe Joana, na Fazenda do Irará
Foi todo mundo, foi Raimundo, foi Betânia
Foi Fulano, foi Beltrana, todo mundo tava lá

Tinha jagunço, cabra macho, taturana
Pé-de-valsa, pé-de-cana, pé de tudo quanto há
Zé da Zabumba e o cego da sanfona
Chico Preto com sua dona não parava de dançar

É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar

E a poeira foi subindo igual foguete
Eu pensei que aquela gente nunca mais fosse parar
Até o padre viu o xote da menina
Encostou sua batina e encoxou até raiar

A nossa rave durou toda a semana
Rasta-pé movido à cana não tem hora pra acabar
O nosso ecstasy advém é da mandioca
Nosso erva é da paçoca e o nosso pó é o guaraná

É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar

É chá, é chá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É chá, é chá, é chá
Segura a moça, deixa o xote balançar

Campo Branco


(Elomar Figueira Melo) com Elomar

Campo branco minhas penas que pena secou
Todo o bem qui nóis tinha era a chuva era o amor
Num tem nda não nóis dois vai penano assim
Campo lindo ai qui tempo ruim
Tu sem chuva e a tristeza em mim

Peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abrãao
Prá arrancar as pena do meu coração
Dessa terra sêca in ança e aflição
Todo bem é de Deus qui vem
Quem tem bem lôva a Deus seu bem
Quem não tem pede a Deus qui vem

Pela sombra do vale do ri Gavião
Os rebanhos esperam a trovoada chover
Num tem nada não tembém no meu coração
Vô ter relampo e trovão
Minh'alma vai florescer

Quando a amada a esperada trovoada chegá
Iantes da quadra as marrã vão tê
Sei qui inda vô vê marrã parí sem querer
Amanhã no amanhecer
Tardã mais sei qui vô ter
Meu dia inda vai nascer

E esse tempo da vinda tá perto de vin
Sete casca aruêra cantaram prá mim
Tatarena vai rodá vai botá fulô
Marela de u'a veis só
Prá ela de u'a veis só

Mar e Sol


(Lokua Kanza / Carlos Rennó) com Gal Costa

Um Sol
Eu sou
Para o seu mar, ó meu amor;
Você
O mar é
Para o meu Sol, para eu me pôr;

Me pôr
Em você,
Me espelhar, me espalhar;
Meu Sol
De arrebol
Deitar no leito de seu mar –

E entrar em você,
Em você queimar, arder;
Em você tremer, em você,
Em você morrer, morrer.

Um só,
Um nó
De fogo e água, terra e céu,
A sós,
Somos nós,
De corpo e alma, você e eu;

E eu
A descer,
A desnascer, desvanecer;
A ser
Em você
Um Sol a se dissolver –

Ao entrar em você,
Em você queimar, arder;
Em você tremer, em você,
Em você morrer, morrer.

Depois,
Nós dois,
Olhos nos olhos, vis-à-vis,
Nos seus
Olhos meus,
Me vejo no que vejo ali;

Ali,
Eu-você,
Olho no olho a se espelhar,
Amor,
Sem temor,
Olho o que eu olho me olhar –

Ao entrar em você,
Em você queimar, arder;
Em você tremer, em você,
Com você morrer, morrer.

Paixão de fogo de paixão
De fogo de paixão
De fogo de paixão,

Em que me afogo de paixão
Me afogo de paixão
Me afogo de paixão

http://www.vagalume.com.br/gal-costa/mar-e-sol.html#ixzz1NYrFVY8A

Da Cor Brasileira


(Joyce / Ana Terra) com Joyce

De quem falo me acha direita
Se casa comigo, se rola e se deita
Me namora quando não devia
E quando eu queria me deixa na mesa
De quem falo me fala macio
E finge que entende o que nem escutou
Me adora e me quer tão somente
Enquanto que mente é o que acreditou
Esse homem que passa na rua
Que encontro na festa e me vira a cabeça
É aquele que me quer só sua
E ao mesmo tempo que eu seja mais uma
De quem falo ele é feio e bonito
Mais velho e menino, meu melhor amigo
É o homem da cor brasileira
a loucura e a besteira que dorme comigo.

A Meu Deus Um Canto Novo


(Elomar Figueira Melo) por Elomar

Bem de longe na grande viagem
Sobrecarregado paro a descansar...
emergi de paragens ciganas pelas mãos de Elmana,
santas como a luz e em silêncio contemplo,
então mais nada a revelar...
Fadigado e farto de clamar às pedras
de ensinar justiça ao mundo pecador

Oh lua nova quem me dera
eu me encontrar com ela
no "pispei" de tudo
na quadra perdida
na manhã da estrada
e começar tudo de nôvo...

Topei in certa altura da jornada
com um qui nem tinha pernas para andar
comoveu-me em grande compaixão
voltano o olhar para os céus
recomendou-me ao Deus
Senhor de todos nós rogando nada me faltar
Resfriando o amor a fé e a caridade
vejo o semelhante entrar em confusão

Oh lua nova quem me dera
eu me encontrar com ela
no "pispei" de tudo
na quadra perdida
na manhã da estrada
e começar tudo de nôvo...

Bôas novas de plena alegria
passaram dois dias da ressurreição
refulgida uma beleza estranha
que emergiu da entranha das plagas azuis
num esplendor de glória
avistaram u'a grande luz
fadigado e farto de clamar às pedras
de propor justiça ao mundo pecador

Vô prossiguino istrada a fora
rumo à istrêla canora
e ao Senhor das Searas
a Jesus eu lôvo
levam os quatro ventos
ao meu Deus um canto nôvo

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Belê


(Affonsinho) com Affonsinho


Luar de belo, de belô, do céu
Papel depressa pra escrever porque
Bele... zabumba, vem meu coração
Balão do fogo só do bem-querer
Bambolê, fiquei feliz por ficar assim
Tão a fim daquela bola que ela deu pra mim

Pirlimpimpim que enfeitiçou
ou me curou da dor

Um novo amor,
vapor do banho de um bom dia alegria

São Jorge, Santo Antônio, Senhor do Bonfim
Éros, Iemanjá, CUpido, qualquer querubim
Aquela morena eu quero sim...

sábado, 21 de maio de 2011

O Silêncio das Estrelas



(Lenine / Dudu Falcão) - com Fátima Guedes

Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus que amanhece mortal

E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal

Um sinal, uma porta pro infinito irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais
Afinal, como estrelas que brilham em paz

Outros Sonhos



(Chico Buarque) com Chico Buarque

Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
Sonhei que ela corava
Quando me via
Sonhei que ao meio-dia
Havia intenso luar
E o povo se embevecia
Se empetecava João
Se emperiquitava Maria
Doentes do coração
Dançavam na enfermaria
E a beleza não fenecia

Belo e sereno era o som
Que lá no morro se ouvia
Eu sei que o sonho era bom
Porque ela sorria
Até quando chovia
Guris inertes no chão
Falavam de astronomia
E me jurava o diabo
Que Deus existia
De mão em mão o ladrão
Relógios distribuía
E a polícia já não batia

De noite raiava o sol
Que todo mundo aplaudia
Maconha só se comprava
Na tabacaria
Drogas na drogaria
Um passarinho espanhol
Cantava esta melodia
E com sotaque esta letra
De sua autoria
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
E por sonhar o impossível, ai
Sonhei que tu me querias

Soñé que el fuego heló
Soñé que la nieve ardía
Y por soñar lo imposible, ay, ay
Soñé que tú me querías

Feito Mistério



( Cacaso / Lourenço Baeta ) com Boca Livre e Chico Buarque


Então
Senti que o resumo é de cada um
Que todo rumo deságua em lugar comum

E então eu monto num cavalo que me leva a Teerã
E não me perco jamais
Quando desespero, vejo muito mais

Essa canção me rói feito mistério
Essa tristeza dói
Meu fingimento é sério
Como aéreo é sempre todo o amor

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Já te falei



(Affonsinho) com Affonsinho

Eu acordei hoji mei com plobrema
Estava num delema assim um tanto compricado
Não sei tinha largatixa no iorgute
Procurei bicabornato, mas tinha acabado

Não foi chauchicha nem istagonofri
Me escrareceu o neurocirusgista
Quem sabe foi a mortandela ou o crocrete
Que me engastou na gluteo e fui pro arlegista

Mais transloucado que um enpiletico
Tomei leit'd'magnéss por causa que é mais barato
De tanto espirro meu desvio antissíptico
Me deixou de boca aberta respirando igual A“largato”

A minha tia diz que eu sou um pouco ondríaco
Mas é a globelezação que me deixa espressado
Leio esclusive bulia de reméidio
Encicopleia de intermet pra ficar imformatizado

Já ti falei com você
A menos que você não tenha ouvisto, meu irmão
(A menos que você não limpe a cêira da audição)
Seguro morreu de verme
E eu cá não sou bode respiratório não


No outro dia foi minha visicla
Fui ficando frutacor, mais pra esmarelado:
Meu primo disse: pode ser lepraspirose
“Ai mermão si tu incostá aqui na minha pessoa
chamo um adevogado, aíiii!”

Eu respondi: não seja um indiota
Mi dá até calo-frio sua áurea tão pesada
Quem vive a vida em fixaxão cientifrica
Tem o celebro na lua e aqui não sabe nada

Já ti falei com você...

A baby sister de um anteado meu
Me disse assim que levo ela a locaute
Mesmo chovido em chuva de granito
Me acha o mais bonito, bem mais in que áuti.

Abrindo a Porta



(Pedro Altério / Pedro Viáfora) - com Tatiana Parra

Quero uma lua cheia
O sol que se incendeia lá no mar
Quero o baque do batuque
Eu quero o tom que desencadeia
O som que põe meu povo pra dançar
Quero a chuva lavadeira
Da seca do sertão
Quero a luz atormentando à toa
A tumba da paixão
Quero ares de criança
Coração

Quero uma odisséia
Meu conto que seja um canto pros leais
O advento do alento
Eu quero o tempo que reateia
Aquele primeiro amor dos casais
Quero ver virar fumaça
A trapaça e a traição
Se a dor se torna rava nunca passa a aflição
Estou farto de vingança
Coração


Quero andar sem direção
Ter motivo pra soltar um grito altivo
E saltar sem razão
Eu quero o rito do prazer
Um agito pra vencer a solidão

Quero uma lua cheia
Meu conto que seja um canto pros leais
Quero abrir a porta inteira
Coração

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tiro de Bodoque



(Teflon / Cito) com O Bando de Maria

Parapapá, é parafuso é para -choque
Lá vai tiro de bodoque, lá vai tudo pelo ar
O cabra atira, eu me abaixo,a bala passa
Na catinga da fumaça, eu pego o cabra no punhá


Eu não pedi foi pra nascer
Mas, mesmo assim fui encomendado
No nascimento só tristeza
Minha mãe morreu no parto
Eu fui criado no sertão
Onde o alimento é muito escasso
Tem mais boca pra comer
do que comida no prato

REFRÃO

Eu era só uma criança
aos oito anos era adulto
Só trabalhei,não tive infância
Cortava cana, pro Seu Raimundo
Eu não sei ler, nem escrever
Já passei fome, não virei bandido
Mas, minha revolta é muito grande
Então não venha bulir comigo

sábado, 14 de maio de 2011

Polícia, Bandido, Cachorro, Dentista



(Sérgio Sampaio) por Mariana Nunes e Vander Lee

Eu tenho medo de polícia, de bandido, de cachorro e de dentista
Porque polícia quando chega vai batendo em quem não tem nada com isso
Porque bandido quase sempre quando atira não acerta no que mira
Porque cachorro quando ataca pode às vezes atacar o seu amigo
Porque dentista policia a minha boca como se fosse bandido
Porque bandido age sempre às escuras como se fosse cachorro
Porque cachorro não distingue o inimigo como se fosse polícia
Porque polícia bandideia minha boca como se fosse dentista
Dentista, dentista...

Lucas



(Geraldo Azevedo) por Geraldo Azevedo

A girar o céu e o mar
Se beijam num novo sol
E a luz transforma em cor
A árvore, a terra, o fruto, a flor
Começa o dia
E Lu...cas
Brinca num vale de fontes e rios
A flor lambuzou seu sorriso de mel
Quem queira entrar em sua casa e brincar
Terá que em seus olhos aprender a olhar
De vez em quando se encosta a dormir
E sonha entre andanças de um lavrador
Que com seu canto convida a bailar
A dança de um carrossel
Al girar el cielo y el mar
Se besan en un nuevo sol
Y la luz transforma en color
El árbor, la tierra, el fruto, la flor
Comienza el dia
Y Lu...cas...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Primeira Vez Que Fui ao Rio



(Renato Teixeira) por Renato Teixeira

Certa manhã
Quando o sol mostrou a cara
Nós pegamos nossas malas
E eu fui conhecer o Rio
Eu e meu pai,
Numa rural já bem usada
Nos pusemos pela estrada
Muito longa, que nos leva
Para o Rio de Janeiro.

Eu tinha lá
Meus 15 anos de idade
E foi tanta ansiedade
Que eu nem consegui dormir.
A noite que,
Precedeu nossa viagem
Foi noite de vadiagens
Pela imaginação,
Fala baixo coração.

Nos hospedamos
Num hotel muito elegante
Em plena Praça Tiradentes
Pois meu pai quis me mostrar
Primeiro a parte da cidade
Que é cigana
Depois sim Copacabana
Onde eu fui vestindo um terno
Passear em frente ao mar.

À noite a gente
Conheceu a Cinelândia,
Com todo nosso recato
Fomos só apreciar.
Antes do sono
Nós ficamos conversando
Sobre o medo que se sente
No bondinho,
Um jeito muito
Carioca de voar.

Foi muito curto
O nosso tempo de estadia
Mas valeu por muitos dias
De coisas pra se contar
Pra gente que,
Leva uma vida mais tranqüila,
De um jeito quase caipira
Ir ao Rio de Janeiro
É o mesmo que flutuar...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Onde Eu Nasci Passa um Rio


(Caetano Veloso) com Tadeu Franco

Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim

Passava como se o tempo
Nada pudesse mudar
Passava como se o rio
Não desaguasse no mar

O rio deságua no mar
Já tanta coisa aprendi
Mas o que é mais meu cantar
É isso que eu canto aqui

Hoje eu sei que o mundo é grande
E o mar de ondas se faz
Mas nasceu junto com o rio
O canto que eu canto mais

O rio só chega no mar
Depois de andar pelo chão
O rio da minha terra
Deságua em meu coração...

Mano



(Danilo Moraes) com Danilo Moraes e Chico César


Já faz tanto tempo, mano
Quase me perdi
Mas nesse momento, mano
Quero me redimir

Tive no relento, mano
Coisas aprendi
Fui, mas eu lamento, mano
E hoje volto aqui

Casa de pássaro é vento, mano
Passarinho eu voei
Asa de gente é quem manda
Mano, eu voltei

Onde está a gente, mano
Que ainda não vi
Chame minha gente, mano
Pra perto de mim

Para um grande abraço, mano
Pra dançar, sorrir
Para desfazer o engano
Que eu cometi

Toalha da Saudade



(Batatinha) com Chico Buarque

Tenho ainda guardada
como lembrança do carnaval que passou
Uma toalha bordada que na escola
um lindo rosto enxugou (Eu tenho)
Tenho ainda guardada
como lembrança do carnaval que passou
Uma toalha bordada que na escola
um lindo rosto enxugou

É a toalha da saudade
da minha infelicidade
Não me vai ornamentar
E pra não sofrer desilusão
nem passar decepção
Eu vou sambar

Judiaria



(Lupicínio Rodrígues) com Lupicínio Rodrígues

Agora você vai ouvir
Aquilo que merece
As coisas ficam muito boas
Quando a gente esquece

Mas acontece que eu não me esqueci
A sua covardia, a sua ingratidão
A judiaria que você um dia
Fez pra o coitadinho do meu coração

Estas palavras que eu estou lhe falando
Tem uma verdade pura nua e crua
Eu estou lhe mostrando a porta da rua
Pra que você saia sem eu lhe bater

Já chega o tempo que eu fiquei sozinho
Que eu fiquei sofrendo
Que eu fiquei chorando
Agora que eu estou melhorando
Você aparece pra me aborrecer

La ra ra ia
La ra ra

40 Anos



(Altay Veloso e Paulo César Feital) com Emílio Santiago


São 40 anos de aventura
Desde que mãe teve a doçura
De dar a luz pra esse seu nego
E a vida cheia de candura
Botou canção nesses meus dedos
E me entregou uma partitura
Pra eu tocar o meu enredo
Sei que às vezes quase desatino
Mas esse é o meu jeito latino
Meio Zumbi, Peri, D. Pedro
Me emociona um violino
Mas também já chorei de medo
Como chorei ouvindo o Hino
Quando morreu Tancredo

Dos 40 anos de aventuras
Só 20 são de ditadura
E eu dormi, peguei no sono,
E acordei no abandono
E o país tava sem dono
E nós fora da lei

Quem se apaixonou por Che Guevara
Até levou tapa na cara,
Melhor é mudar de assunto
Vamos enterrar esse defunto
Melhor lembrar de Madalena
De Glauber Rocha no cinema
Das cores desse mundo
Jimmy, Janis, Joplin e John Lennon
Meu Deus, o mundo era pequeno
E eu curtia no sereno
Gonzaguinha e Nascimento
O novo renascimento
Que o galo cantava

"Ava Canoeiro", "Travessia"
Zumbi no "Opinião" sorria,
De Elis surgia uma estrela
Comprei ingressos só pra vê-la
Levei a minha namorada
Com quem casei na "Disparada"
Só para não perdê-la

Lavei com meus prantos os desatinos
Pra conversar com meus meninos
Sobre heróis da liberdade
De Agostinho de Luanda
A Buarque de Holanda
Foram sóis na tempestade
Mesmo escondendo tristes fatos
Curti o tricampeonato
Meu Deus, também sou batuqueiro
Pois eu nasci em fevereiro
E o carnaval tá no meu sangue
Sou dos palácios, sou do mangue,
Enfim sou brasileiro

Sou Ayrton Senna, eu sou Hortência
Dou de lambuja a minha vidência
Não conheço maior fé
Que a de Chico Xavier
Que para Deus já é Pelé
Que é o nosso rei da bola

Quem tem Raoni, tem Amazônia
Se está sofrendo de insônia
É por que tem cabeça fraca
Ou está deitado eternamente
Em berço esplêndido, ou é babaca
Ou está mamando nessa vaca
O leite dos inocentes
Vamos ensaiar, oh... minha gente,
Botar nosso Brasil pra frente
laia, laia, laia, laia...

Corda de Aço



(Raimundo Fagner) com Fagner

Não sei a cor do perdão
Nem o peso da pedra do sacrifício
Só sei que quando estou só
Sinto na pele
Que meu abrigo pode ser o precipício.

Não sei quem chora por mim
Quem inocentemente me condena
E olhando a cara fria do silêncio
Tudo que faltar a gente inventa.
Voz pra cantar, corda de aço
Corda de aço desfiada,
Minha vida só é vida porque sei
que ela vai ser sempre apaixonada.
Voz pra cantar, corda de aço
Corda de aço desfiada,
Minha vida só é vida porque sei
que ela vai morrer apaixonada.

Coleção



(Cassiano / Paulo Zdanowski) com Cassiano

Sei que você gosta de brincar, de amores
mas ó, comigo não... Comigo não!
Sei também que você eu não sei... mais nada
Um dia você vai ouvir, de alguém
O que ouvi de ti
Então irá, pensar, como eu sonhei em vão
Não vá, ou vá, você é quem quer..
Quer saber, eu amo você!

Sei que você gosta de brincar, de amores
mas ó, comigo não... Comigo não!
Sei também que você eu não sei... mais nada
Um dia você vai ouvir, de alguém
O que ouvi de ti
Então irá, pensar, como eu sonhei em vão
Não vá, ou vá, você é quem quer..
Quer saber, eu amo...
Quer saber, eu amo...
Quer saber, eu amo...
Você!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Milagre dos Peixes



(Milton Nascimento e Fernando Brant) com Simone Guimarães e Milton Nascimento

Eu vejo esses peixes e vou de coração
Eu vejo essas matas e vou de coração à natureza
Telas falam colorido de crianças coloridas
De um gênio televisor
E no andor de nossos novos santos
O sinal de velhos tempos
Morte, morte, morte ao amor
Eles não falam do mar e dos peixes
Nem deixam ver a moça, pura canção
Nem ver nascer a flor, nem ver nascer o sol
E eu apenas sou um a mais, um a mais
A falar dessa dor, a nossa dor
Desenhando nessas pedras
Tenho em mim todas as cores
Quando falo coisas reais
E no silêncio dessa natureza
Eu que amo meus amigos
Livre, quero poder dizer
Eu vejo esses peixes e dou de coração

La Noche



(Enrique Heredia Carbonell - Juan Jose Suarez Escobar) com Djavan

La noche no quiere venir
Yo quiero estar cerca de ti
Y poder robarte un beso
Y si no sabes quién es
Y poco a poco dejaré
Que me vayas descubriendo
Yo quiero estar cerca de ti
Cuando rompa el amanecer
O cuando se esté oscureciendo

Gritos de amor se oian
Una rosa seré para ti
En mis sueños respondias
Nunca te olvides de mi

Tu amor me ha robado el alma
Tu amor me ha robado el sueño
Ya mi me dejó sin nada
De la ilusión me mantengo

Soy cautivo de tus besos
Que a mi me queman por dentro
Mi ilusion y mi alegria
Ya eres toíto lo que tengo

Pauapixuna



(Paulo André Barata / Ruy Barata) - com Paulo André Barata

Uma cantiga de amor se mechendo
Um tapuia no porto a cantar
Um pedacinho de lua nascendo
Uma cachaça de papo pro ar
Um não sei que de saudade doendo
Uma saudade sem tempo ou lugar
Uma saudade querendo, querendo
Querendo ir e querendo ficar

Uma leira, uma esteira, uma beira de rio
Um cavalo no pasto, uma égua no cio
Um principio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira
Uma beira de rio

E no silêncio uma folha caída
Uma batida de remo a passar
Um candeeiro de manga comprida
Um cheiro bom de peixada no ar
Uma pimenta no prato espremida
Outra lambada depois do jantar
Uma viola de corda curtida
Nesta sofrida sofrência de amar

( REFRÃO )

E o vento espalhado na capoeira
A lua na cuia do bamburral
A vaca mugindo lá na porteira
E o macho fungando cá no curral
O tempo tem tempo de tempo ser
O tempo tem tempo de tempo dar
Ao tempo da noite que vai correr
O tempo do dia que vai chegar

Quixabinha



(Josildo Sá / Anchieta Dali) com Josildo Sá

Na Quixabinha tinha samba de latada
E no portal da madrugada
Se via o couro comer
E “Mariinha” com a saia amarrotada
Sapateava até o dia amanhecer, iá iá...

Maria, Maria, maninha minha
Na porta da camarinha
Você vinha aflorar

E o velho bardo violeiro seu Conrado
Tocava um côco suculento sincopado
E as dançadeiras respondiam num trinado
Batendo o pé com refrão bem afiado

Maria, Maria, maninha minha
Na porta da camarinha
Você vinha aflorar

De tocador pra tocador Tonho Rimualdo
Rastava o banjo com farto ripinicado
Seu último arranjo para o céu foi destinado
E a Quixabinha dormia ao sol acordado