sexta-feira, 27 de maio de 2011
Grávida
(Arnaldo Antunes) com Marina Lima
Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor
Eu tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz
Eu tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha, um cordão umbilical, um anticoncepcional
Um cartão postal
Eu tô grávida
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Vou dar a luz
Rave do Sertão
(Flávio Henrique) com Mariana Nunes
Foi numa festa lá em Feira de Santana
No forró da Mãe Joana, na Fazenda do Irará
Foi todo mundo, foi Raimundo, foi Betânia
Foi Fulano, foi Beltrana, todo mundo tava lá
Tinha jagunço, cabra macho, taturana
Pé-de-valsa, pé-de-cana, pé de tudo quanto há
Zé da Zabumba e o cego da sanfona
Chico Preto com sua dona não parava de dançar
É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar
E a poeira foi subindo igual foguete
Eu pensei que aquela gente nunca mais fosse parar
Até o padre viu o xote da menina
Encostou sua batina e encoxou até raiar
A nossa rave durou toda a semana
Rasta-pé movido à cana não tem hora pra acabar
O nosso ecstasy advém é da mandioca
Nosso erva é da paçoca e o nosso pó é o guaraná
É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É dois pra lá, é dois pra cá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É chá, é chá
Segura a moça, deixa o xote balançar
É chá, é chá, é chá
Segura a moça, deixa o xote balançar
Campo Branco
(Elomar Figueira Melo) com Elomar
Campo branco minhas penas que pena secou
Todo o bem qui nóis tinha era a chuva era o amor
Num tem nda não nóis dois vai penano assim
Campo lindo ai qui tempo ruim
Tu sem chuva e a tristeza em mim
Peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abrãao
Prá arrancar as pena do meu coração
Dessa terra sêca in ança e aflição
Todo bem é de Deus qui vem
Quem tem bem lôva a Deus seu bem
Quem não tem pede a Deus qui vem
Pela sombra do vale do ri Gavião
Os rebanhos esperam a trovoada chover
Num tem nada não tembém no meu coração
Vô ter relampo e trovão
Minh'alma vai florescer
Quando a amada a esperada trovoada chegá
Iantes da quadra as marrã vão tê
Sei qui inda vô vê marrã parí sem querer
Amanhã no amanhecer
Tardã mais sei qui vô ter
Meu dia inda vai nascer
E esse tempo da vinda tá perto de vin
Sete casca aruêra cantaram prá mim
Tatarena vai rodá vai botá fulô
Marela de u'a veis só
Prá ela de u'a veis só
Mar e Sol
(Lokua Kanza / Carlos Rennó) com Gal Costa
Um Sol
Eu sou
Para o seu mar, ó meu amor;
Você
O mar é
Para o meu Sol, para eu me pôr;
Me pôr
Em você,
Me espelhar, me espalhar;
Meu Sol
De arrebol
Deitar no leito de seu mar –
E entrar em você,
Em você queimar, arder;
Em você tremer, em você,
Em você morrer, morrer.
Um só,
Um nó
De fogo e água, terra e céu,
A sós,
Somos nós,
De corpo e alma, você e eu;
E eu
A descer,
A desnascer, desvanecer;
A ser
Em você
Um Sol a se dissolver –
Ao entrar em você,
Em você queimar, arder;
Em você tremer, em você,
Em você morrer, morrer.
Depois,
Nós dois,
Olhos nos olhos, vis-à-vis,
Nos seus
Olhos meus,
Me vejo no que vejo ali;
Ali,
Eu-você,
Olho no olho a se espelhar,
Amor,
Sem temor,
Olho o que eu olho me olhar –
Ao entrar em você,
Em você queimar, arder;
Em você tremer, em você,
Com você morrer, morrer.
Paixão de fogo de paixão
De fogo de paixão
De fogo de paixão,
Em que me afogo de paixão
Me afogo de paixão
Me afogo de paixão
http://www.vagalume.com.br/gal-costa/mar-e-sol.html#ixzz1NYrFVY8A
Da Cor Brasileira
(Joyce / Ana Terra) com Joyce
De quem falo me acha direita
Se casa comigo, se rola e se deita
Me namora quando não devia
E quando eu queria me deixa na mesa
De quem falo me fala macio
E finge que entende o que nem escutou
Me adora e me quer tão somente
Enquanto que mente é o que acreditou
Esse homem que passa na rua
Que encontro na festa e me vira a cabeça
É aquele que me quer só sua
E ao mesmo tempo que eu seja mais uma
De quem falo ele é feio e bonito
Mais velho e menino, meu melhor amigo
É o homem da cor brasileira
a loucura e a besteira que dorme comigo.
A Meu Deus Um Canto Novo
(Elomar Figueira Melo) por Elomar
Bem de longe na grande viagem
Sobrecarregado paro a descansar...
emergi de paragens ciganas pelas mãos de Elmana,
santas como a luz e em silêncio contemplo,
então mais nada a revelar...
Fadigado e farto de clamar às pedras
de ensinar justiça ao mundo pecador
Oh lua nova quem me dera
eu me encontrar com ela
no "pispei" de tudo
na quadra perdida
na manhã da estrada
e começar tudo de nôvo...
Topei in certa altura da jornada
com um qui nem tinha pernas para andar
comoveu-me em grande compaixão
voltano o olhar para os céus
recomendou-me ao Deus
Senhor de todos nós rogando nada me faltar
Resfriando o amor a fé e a caridade
vejo o semelhante entrar em confusão
Oh lua nova quem me dera
eu me encontrar com ela
no "pispei" de tudo
na quadra perdida
na manhã da estrada
e começar tudo de nôvo...
Bôas novas de plena alegria
passaram dois dias da ressurreição
refulgida uma beleza estranha
que emergiu da entranha das plagas azuis
num esplendor de glória
avistaram u'a grande luz
fadigado e farto de clamar às pedras
de propor justiça ao mundo pecador
Vô prossiguino istrada a fora
rumo à istrêla canora
e ao Senhor das Searas
a Jesus eu lôvo
levam os quatro ventos
ao meu Deus um canto nôvo
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Belê
(Affonsinho) com Affonsinho
Luar de belo, de belô, do céu
Papel depressa pra escrever porque
Bele... zabumba, vem meu coração
Balão do fogo só do bem-querer
Bambolê, fiquei feliz por ficar assim
Tão a fim daquela bola que ela deu pra mim
Pirlimpimpim que enfeitiçou
ou me curou da dor
Um novo amor,
vapor do banho de um bom dia alegria
São Jorge, Santo Antônio, Senhor do Bonfim
Éros, Iemanjá, CUpido, qualquer querubim
Aquela morena eu quero sim...
sábado, 21 de maio de 2011
O Silêncio das Estrelas
(Lenine / Dudu Falcão) - com Fátima Guedes
Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus que amanhece mortal
E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal
Um sinal, uma porta pro infinito irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais
Afinal, como estrelas que brilham em paz
Outros Sonhos
(Chico Buarque) com Chico Buarque
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
Sonhei que ela corava
Quando me via
Sonhei que ao meio-dia
Havia intenso luar
E o povo se embevecia
Se empetecava João
Se emperiquitava Maria
Doentes do coração
Dançavam na enfermaria
E a beleza não fenecia
Belo e sereno era o som
Que lá no morro se ouvia
Eu sei que o sonho era bom
Porque ela sorria
Até quando chovia
Guris inertes no chão
Falavam de astronomia
E me jurava o diabo
Que Deus existia
De mão em mão o ladrão
Relógios distribuía
E a polícia já não batia
De noite raiava o sol
Que todo mundo aplaudia
Maconha só se comprava
Na tabacaria
Drogas na drogaria
Um passarinho espanhol
Cantava esta melodia
E com sotaque esta letra
De sua autoria
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
E por sonhar o impossível, ai
Sonhei que tu me querias
Soñé que el fuego heló
Soñé que la nieve ardía
Y por soñar lo imposible, ay, ay
Soñé que tú me querías
Feito Mistério
( Cacaso / Lourenço Baeta ) com Boca Livre e Chico Buarque
Então
Senti que o resumo é de cada um
Que todo rumo deságua em lugar comum
E então eu monto num cavalo que me leva a Teerã
E não me perco jamais
Quando desespero, vejo muito mais
Essa canção me rói feito mistério
Essa tristeza dói
Meu fingimento é sério
Como aéreo é sempre todo o amor
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Já te falei
(Affonsinho) com Affonsinho
Eu acordei hoji mei com plobrema
Estava num delema assim um tanto compricado
Não sei tinha largatixa no iorgute
Procurei bicabornato, mas tinha acabado
Não foi chauchicha nem istagonofri
Me escrareceu o neurocirusgista
Quem sabe foi a mortandela ou o crocrete
Que me engastou na gluteo e fui pro arlegista
Mais transloucado que um enpiletico
Tomei leit'd'magnéss por causa que é mais barato
De tanto espirro meu desvio antissíptico
Me deixou de boca aberta respirando igual A“largato”
A minha tia diz que eu sou um pouco ondríaco
Mas é a globelezação que me deixa espressado
Leio esclusive bulia de reméidio
Encicopleia de intermet pra ficar imformatizado
Já ti falei com você
A menos que você não tenha ouvisto, meu irmão
(A menos que você não limpe a cêira da audição)
Seguro morreu de verme
E eu cá não sou bode respiratório não
No outro dia foi minha visicla
Fui ficando frutacor, mais pra esmarelado:
Meu primo disse: pode ser lepraspirose
“Ai mermão si tu incostá aqui na minha pessoa
chamo um adevogado, aíiii!”
Eu respondi: não seja um indiota
Mi dá até calo-frio sua áurea tão pesada
Quem vive a vida em fixaxão cientifrica
Tem o celebro na lua e aqui não sabe nada
Já ti falei com você...
A baby sister de um anteado meu
Me disse assim que levo ela a locaute
Mesmo chovido em chuva de granito
Me acha o mais bonito, bem mais in que áuti.
Abrindo a Porta
(Pedro Altério / Pedro Viáfora) - com Tatiana Parra
Quero uma lua cheia
O sol que se incendeia lá no mar
Quero o baque do batuque
Eu quero o tom que desencadeia
O som que põe meu povo pra dançar
Quero a chuva lavadeira
Da seca do sertão
Quero a luz atormentando à toa
A tumba da paixão
Quero ares de criança
Coração
Quero uma odisséia
Meu conto que seja um canto pros leais
O advento do alento
Eu quero o tempo que reateia
Aquele primeiro amor dos casais
Quero ver virar fumaça
A trapaça e a traição
Se a dor se torna rava nunca passa a aflição
Estou farto de vingança
Coração
Quero andar sem direção
Ter motivo pra soltar um grito altivo
E saltar sem razão
Eu quero o rito do prazer
Um agito pra vencer a solidão
Quero uma lua cheia
Meu conto que seja um canto pros leais
Quero abrir a porta inteira
Coração
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Tiro de Bodoque
(Teflon / Cito) com O Bando de Maria
Parapapá, é parafuso é para -choque
Lá vai tiro de bodoque, lá vai tudo pelo ar
O cabra atira, eu me abaixo,a bala passa
Na catinga da fumaça, eu pego o cabra no punhá
Eu não pedi foi pra nascer
Mas, mesmo assim fui encomendado
No nascimento só tristeza
Minha mãe morreu no parto
Eu fui criado no sertão
Onde o alimento é muito escasso
Tem mais boca pra comer
do que comida no prato
REFRÃO
Eu era só uma criança
aos oito anos era adulto
Só trabalhei,não tive infância
Cortava cana, pro Seu Raimundo
Eu não sei ler, nem escrever
Já passei fome, não virei bandido
Mas, minha revolta é muito grande
Então não venha bulir comigo
sábado, 14 de maio de 2011
Polícia, Bandido, Cachorro, Dentista
(Sérgio Sampaio) por Mariana Nunes e Vander Lee
Eu tenho medo de polícia, de bandido, de cachorro e de dentista
Porque polícia quando chega vai batendo em quem não tem nada com isso
Porque bandido quase sempre quando atira não acerta no que mira
Porque cachorro quando ataca pode às vezes atacar o seu amigo
Porque dentista policia a minha boca como se fosse bandido
Porque bandido age sempre às escuras como se fosse cachorro
Porque cachorro não distingue o inimigo como se fosse polícia
Porque polícia bandideia minha boca como se fosse dentista
Dentista, dentista...
Lucas
(Geraldo Azevedo) por Geraldo Azevedo
A girar o céu e o mar
Se beijam num novo sol
E a luz transforma em cor
A árvore, a terra, o fruto, a flor
Começa o dia
E Lu...cas
Brinca num vale de fontes e rios
A flor lambuzou seu sorriso de mel
Quem queira entrar em sua casa e brincar
Terá que em seus olhos aprender a olhar
De vez em quando se encosta a dormir
E sonha entre andanças de um lavrador
Que com seu canto convida a bailar
A dança de um carrossel
Al girar el cielo y el mar
Se besan en un nuevo sol
Y la luz transforma en color
El árbor, la tierra, el fruto, la flor
Comienza el dia
Y Lu...cas...
sexta-feira, 13 de maio de 2011
A Primeira Vez Que Fui ao Rio
(Renato Teixeira) por Renato Teixeira
Certa manhã
Quando o sol mostrou a cara
Nós pegamos nossas malas
E eu fui conhecer o Rio
Eu e meu pai,
Numa rural já bem usada
Nos pusemos pela estrada
Muito longa, que nos leva
Para o Rio de Janeiro.
Eu tinha lá
Meus 15 anos de idade
E foi tanta ansiedade
Que eu nem consegui dormir.
A noite que,
Precedeu nossa viagem
Foi noite de vadiagens
Pela imaginação,
Fala baixo coração.
Nos hospedamos
Num hotel muito elegante
Em plena Praça Tiradentes
Pois meu pai quis me mostrar
Primeiro a parte da cidade
Que é cigana
Depois sim Copacabana
Onde eu fui vestindo um terno
Passear em frente ao mar.
À noite a gente
Conheceu a Cinelândia,
Com todo nosso recato
Fomos só apreciar.
Antes do sono
Nós ficamos conversando
Sobre o medo que se sente
No bondinho,
Um jeito muito
Carioca de voar.
Foi muito curto
O nosso tempo de estadia
Mas valeu por muitos dias
De coisas pra se contar
Pra gente que,
Leva uma vida mais tranqüila,
De um jeito quase caipira
Ir ao Rio de Janeiro
É o mesmo que flutuar...
terça-feira, 10 de maio de 2011
Onde Eu Nasci Passa um Rio
(Caetano Veloso) com Tadeu Franco
Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim
Passava como se o tempo
Nada pudesse mudar
Passava como se o rio
Não desaguasse no mar
O rio deságua no mar
Já tanta coisa aprendi
Mas o que é mais meu cantar
É isso que eu canto aqui
Hoje eu sei que o mundo é grande
E o mar de ondas se faz
Mas nasceu junto com o rio
O canto que eu canto mais
O rio só chega no mar
Depois de andar pelo chão
O rio da minha terra
Deságua em meu coração...
Mano
(Danilo Moraes) com Danilo Moraes e Chico César
Já faz tanto tempo, mano
Quase me perdi
Mas nesse momento, mano
Quero me redimir
Tive no relento, mano
Coisas aprendi
Fui, mas eu lamento, mano
E hoje volto aqui
Casa de pássaro é vento, mano
Passarinho eu voei
Asa de gente é quem manda
Mano, eu voltei
Onde está a gente, mano
Que ainda não vi
Chame minha gente, mano
Pra perto de mim
Para um grande abraço, mano
Pra dançar, sorrir
Para desfazer o engano
Que eu cometi
Toalha da Saudade
(Batatinha) com Chico Buarque
Tenho ainda guardada
como lembrança do carnaval que passou
Uma toalha bordada que na escola
um lindo rosto enxugou (Eu tenho)
Tenho ainda guardada
como lembrança do carnaval que passou
Uma toalha bordada que na escola
um lindo rosto enxugou
É a toalha da saudade
da minha infelicidade
Não me vai ornamentar
E pra não sofrer desilusão
nem passar decepção
Eu vou sambar
Judiaria
(Lupicínio Rodrígues) com Lupicínio Rodrígues
Agora você vai ouvir
Aquilo que merece
As coisas ficam muito boas
Quando a gente esquece
Mas acontece que eu não me esqueci
A sua covardia, a sua ingratidão
A judiaria que você um dia
Fez pra o coitadinho do meu coração
Estas palavras que eu estou lhe falando
Tem uma verdade pura nua e crua
Eu estou lhe mostrando a porta da rua
Pra que você saia sem eu lhe bater
Já chega o tempo que eu fiquei sozinho
Que eu fiquei sofrendo
Que eu fiquei chorando
Agora que eu estou melhorando
Você aparece pra me aborrecer
La ra ra ia
La ra ra
40 Anos
(Altay Veloso e Paulo César Feital) com Emílio Santiago
São 40 anos de aventura
Desde que mãe teve a doçura
De dar a luz pra esse seu nego
E a vida cheia de candura
Botou canção nesses meus dedos
E me entregou uma partitura
Pra eu tocar o meu enredo
Sei que às vezes quase desatino
Mas esse é o meu jeito latino
Meio Zumbi, Peri, D. Pedro
Me emociona um violino
Mas também já chorei de medo
Como chorei ouvindo o Hino
Quando morreu Tancredo
Dos 40 anos de aventuras
Só 20 são de ditadura
E eu dormi, peguei no sono,
E acordei no abandono
E o país tava sem dono
E nós fora da lei
Quem se apaixonou por Che Guevara
Até levou tapa na cara,
Melhor é mudar de assunto
Vamos enterrar esse defunto
Melhor lembrar de Madalena
De Glauber Rocha no cinema
Das cores desse mundo
Jimmy, Janis, Joplin e John Lennon
Meu Deus, o mundo era pequeno
E eu curtia no sereno
Gonzaguinha e Nascimento
O novo renascimento
Que o galo cantava
"Ava Canoeiro", "Travessia"
Zumbi no "Opinião" sorria,
De Elis surgia uma estrela
Comprei ingressos só pra vê-la
Levei a minha namorada
Com quem casei na "Disparada"
Só para não perdê-la
Lavei com meus prantos os desatinos
Pra conversar com meus meninos
Sobre heróis da liberdade
De Agostinho de Luanda
A Buarque de Holanda
Foram sóis na tempestade
Mesmo escondendo tristes fatos
Curti o tricampeonato
Meu Deus, também sou batuqueiro
Pois eu nasci em fevereiro
E o carnaval tá no meu sangue
Sou dos palácios, sou do mangue,
Enfim sou brasileiro
Sou Ayrton Senna, eu sou Hortência
Dou de lambuja a minha vidência
Não conheço maior fé
Que a de Chico Xavier
Que para Deus já é Pelé
Que é o nosso rei da bola
Quem tem Raoni, tem Amazônia
Se está sofrendo de insônia
É por que tem cabeça fraca
Ou está deitado eternamente
Em berço esplêndido, ou é babaca
Ou está mamando nessa vaca
O leite dos inocentes
Vamos ensaiar, oh... minha gente,
Botar nosso Brasil pra frente
laia, laia, laia, laia...
Corda de Aço
(Raimundo Fagner) com Fagner
Não sei a cor do perdão
Nem o peso da pedra do sacrifício
Só sei que quando estou só
Sinto na pele
Que meu abrigo pode ser o precipício.
Não sei quem chora por mim
Quem inocentemente me condena
E olhando a cara fria do silêncio
Tudo que faltar a gente inventa.
Voz pra cantar, corda de aço
Corda de aço desfiada,
Minha vida só é vida porque sei
que ela vai ser sempre apaixonada.
Voz pra cantar, corda de aço
Corda de aço desfiada,
Minha vida só é vida porque sei
que ela vai morrer apaixonada.
Coleção
(Cassiano / Paulo Zdanowski) com Cassiano
Sei que você gosta de brincar, de amores
mas ó, comigo não... Comigo não!
Sei também que você eu não sei... mais nada
Um dia você vai ouvir, de alguém
O que ouvi de ti
Então irá, pensar, como eu sonhei em vão
Não vá, ou vá, você é quem quer..
Quer saber, eu amo você!
Sei que você gosta de brincar, de amores
mas ó, comigo não... Comigo não!
Sei também que você eu não sei... mais nada
Um dia você vai ouvir, de alguém
O que ouvi de ti
Então irá, pensar, como eu sonhei em vão
Não vá, ou vá, você é quem quer..
Quer saber, eu amo...
Quer saber, eu amo...
Quer saber, eu amo...
Você!
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Milagre dos Peixes
(Milton Nascimento e Fernando Brant) com Simone Guimarães e Milton Nascimento
Eu vejo esses peixes e vou de coração
Eu vejo essas matas e vou de coração à natureza
Telas falam colorido de crianças coloridas
De um gênio televisor
E no andor de nossos novos santos
O sinal de velhos tempos
Morte, morte, morte ao amor
Eles não falam do mar e dos peixes
Nem deixam ver a moça, pura canção
Nem ver nascer a flor, nem ver nascer o sol
E eu apenas sou um a mais, um a mais
A falar dessa dor, a nossa dor
Desenhando nessas pedras
Tenho em mim todas as cores
Quando falo coisas reais
E no silêncio dessa natureza
Eu que amo meus amigos
Livre, quero poder dizer
Eu vejo esses peixes e dou de coração
La Noche
(Enrique Heredia Carbonell - Juan Jose Suarez Escobar) com Djavan
La noche no quiere venir
Yo quiero estar cerca de ti
Y poder robarte un beso
Y si no sabes quién es
Y poco a poco dejaré
Que me vayas descubriendo
Yo quiero estar cerca de ti
Cuando rompa el amanecer
O cuando se esté oscureciendo
Gritos de amor se oian
Una rosa seré para ti
En mis sueños respondias
Nunca te olvides de mi
Tu amor me ha robado el alma
Tu amor me ha robado el sueño
Ya mi me dejó sin nada
De la ilusión me mantengo
Soy cautivo de tus besos
Que a mi me queman por dentro
Mi ilusion y mi alegria
Ya eres toíto lo que tengo
Pauapixuna
(Paulo André Barata / Ruy Barata) - com Paulo André Barata
Uma cantiga de amor se mechendo
Um tapuia no porto a cantar
Um pedacinho de lua nascendo
Uma cachaça de papo pro ar
Um não sei que de saudade doendo
Uma saudade sem tempo ou lugar
Uma saudade querendo, querendo
Querendo ir e querendo ficar
Uma leira, uma esteira, uma beira de rio
Um cavalo no pasto, uma égua no cio
Um principio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira
Uma beira de rio
E no silêncio uma folha caída
Uma batida de remo a passar
Um candeeiro de manga comprida
Um cheiro bom de peixada no ar
Uma pimenta no prato espremida
Outra lambada depois do jantar
Uma viola de corda curtida
Nesta sofrida sofrência de amar
( REFRÃO )
E o vento espalhado na capoeira
A lua na cuia do bamburral
A vaca mugindo lá na porteira
E o macho fungando cá no curral
O tempo tem tempo de tempo ser
O tempo tem tempo de tempo dar
Ao tempo da noite que vai correr
O tempo do dia que vai chegar
Quixabinha
(Josildo Sá / Anchieta Dali) com Josildo Sá
Na Quixabinha tinha samba de latada
E no portal da madrugada
Se via o couro comer
E “Mariinha” com a saia amarrotada
Sapateava até o dia amanhecer, iá iá...
Maria, Maria, maninha minha
Na porta da camarinha
Você vinha aflorar
E o velho bardo violeiro seu Conrado
Tocava um côco suculento sincopado
E as dançadeiras respondiam num trinado
Batendo o pé com refrão bem afiado
Maria, Maria, maninha minha
Na porta da camarinha
Você vinha aflorar
De tocador pra tocador Tonho Rimualdo
Rastava o banjo com farto ripinicado
Seu último arranjo para o céu foi destinado
E a Quixabinha dormia ao sol acordado
Constelação Sentimental
( Nilson Chaves / Jamil Damous) com Nilson Chaves
Constelação sentimental
Meu coração espacial
Nave do tempo
Guarda bem dentro
Todos vocês
Todo mundo
Todo o mundo
Bate no fundo do peito
Corre no fundo do leito do rio
De janeiro
Fevereiro março abril todo mês
Todos vocês
Tantas estrelas
Olhar pro céu é tê-las
Dentro de mim
Deserto não repleto sim
Sentimental constelação
Meu coração tem tanto amor
Quanto saudade invade meu espaço interior
Constelação sentimental
Uma canção especial
Leva no vento
Meu pensamento
A todos vocês
Todo mundo
Todo o mundo
Toda a felicidade
Toda e qualquer cidade está
No bar do Parque
Belém Belém Belém Belém tudo bem
Todos vocês
No céu da memória
Brilha uma estrela uma história
Dentro d mim
Deserto não repleto sim
Sentimental constelação
Meu coração tem tanto amor
Quanta saudade invade meu espaço interior
Canto em Qualquer Canto
(Ná Ozzetti e Itamar Assumpção) com Ná Ozzetti
Vim cantar sobre essa terra
antes de mais nada aviso
trago facão, paixão crua
e bons rocks no arquivo
tem gente que pira e berra
eu já canto pio e silvo
se fosse minha essa rua
o pé de Ipê estava vivo
Pro topo daquela serra
vamos nós dois vídeo e livros
vou ficar na minha e sua
isso é mais que bom motivo
gorjearei pela terra
para dar e ter alívio
gorjeando eu fico nua
entre o choro e o riso
Pintassilga, pomba, mélroa
águia lá do paraíso
passarim, mundo da lua
quando não trino não sirvo
caso a Bela com a Fera
canto porque é preciso
porque essa vida é árdua
prá não perder o juízo
Luz e Mistério
(Beto Guedes / Caetano Veloso) com Djavan
Oh! Meu grande bem
Pudesse eu ver a estrada
Pudesse eu ter
A rota certa que levasse até
Dentro de ti
Oh! meu grande bem
Só vejo pistas falsas
É sempre assim
Cada picada aberta me tem mais
Fechado em mim
És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério
Doçura de luz
Amargo e sombra escura
Procuro em vão
Banhar-me em ti
E poder decifrar teu coração
És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério
Oh grande mistério, meu bem, doce luz
Abrir as portas desse império teu
E ser feliz
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Achou!
(Dante Ozzetti e Luiz Tatit) - com Ceumar
Investir é cultivar o amor
Se despir é ativar
Resistir é aturar o amor
Insistir é saturar
Aderir é estar com seu amor
Adorar é superstar
Aplaudir até sentindo dor
É amar
Quem puder viver um grande amor
verá
Consentir é educar o amor
Seduzir é cutucar
Amarei! é conjugar o amor
Não amei é enxugar
Avançar é conquistar o amor
Amansar é como estar
Como estou com muito amor para dar
Eu dou
Quem estiver atrás de um grande amor
Achou!
Tudo se Transformou
(Paulinho Da Viola) - com Célia
Ah, meu samba
Tudo se transformou
Nem as cordas
Do meu pinho
Podem mais amenizar a dor
Onde havia a luz do sol
Uma nuvem se formou
Onde havia uma alegria para mim
Outra nuvem carregou
A razão desta tristeza
É saber que o nosso amor passou
Violão, até um dia
Quando houver mais alegria
Eu procuro por você
Cansei de derramar
Inutilmente em tuas cordas
As desilusões deste meu viver
Ela declarou recentemente
Que ao meu lado não tem mais prazer
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Leve
(Carlinhos Vergueiro / Chico Buarque) - com Chico Buarque
Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
A um quiosque, ao planetário
Ao cais do porto, ao paço
O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo
Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
Mas não me leve
Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço
O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo
Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será tudo de bom
Mas não me leve
O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo
Horizontes
(Almir Sater E Renato Teixeira) - com Almir Sater
Acender a luz, iluminar
Vem chegado a hora
De tudo enfim se clarear
Na lida dos dias meus
Que só querem ver o vento
E viajar
Voar, voar no som
Porque será que o pensamento
Esse eterno viajante
Nos carrega a todo instante?
Sempre a procurar
Horizontes
Com as canções, eu vi a vida
Um violeiro sempre vê
Nos versos amigos meus
Navegantes indomáveis
Dessa paixão
Cortar o ar, caçar o tom
Deixar a mão guiar meus sonhos
Nas terras do sentimento
Como faz um viajante
Sempre a procurar
Horizontes
terça-feira, 3 de maio de 2011
Saudade Dela
(Roberto Mendes E Nizaldo Costa) - com Maria Bethânia
Ai, ai, saudade
Saudade dela
Ela se foi, saudade
Fiquei sem ela
Fonte de sabedoria
Onde tudo podia achar
Todo o canto matriz
Da gente do meu lugar
Quando eu era canarinho
Ela existia, sabiá
Hoje canto sozinho
E dela sempre vou lembrar
Olha o tombo do pau
Aê, aê, olha o tombo do pau
Aê, aê, olha o tombo do pau
Aê, aê, olha o tombo do pau
Ai, ai, saudade
Saudade dela
Ela se foi, saudade
Fiquei sem ela
Do nosso convívio saiu
Já se dizia cansada
Deixou um largo sorriso
E um doce canto de paz
Foram tantas alegrias
Servidas naquele prato
Mistura de amor e poesia
Em mesa de luxo era ouro,
Brilhante e prata
Ai, ai, saudade
Saudade dela
Ela se foi, saudade
Fiquei sem ela
Dona da casa me dá licença
D'eu sambar na varanda
Com chapéu na cabeça
E facão de banda
Dona da casa me dá licença
Me dê seu salão para eu vadiar
Me dê seu salão para vadiar
Me dê seu salão para vadiar
Eu vim aqui foi pra vadiar
Eu vim aqui foi pra vadiar
Vadeia, vadeia, vadeia
Vadeia pomba na areia
Vadeia, vadeia, vadeia
Vadeia pomba na areia
Ai, ai, saudade
Saudade dela
Ela se foi, saudade
Fiquei sem ela
Minha Casa
(Zeca Baleiro) - com Zeca Baleiro
É mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado
que imprimir o futuro
não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo maiakóvski na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre
sob o sol de domingo
nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda
quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas
amoras silvestres no passeio público
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem não posso parar
veja o mundo passar como passa
uma escola de samba que atravessa
pergunto onde estão teus tamborins
pergunto onde estão teus tamborins
sentado na porta de minha casa
a mesma e única casa
a casa onde eu sempre morei
domingo, 1 de maio de 2011
Longe perto
(Nilson Chaves E Joãozinho Gomes) - com Nilson Chaves
Toda vez que eu viajar,
é sinal que estou aqui
e, quando estiver por lá,
quer dizer: nunca parti.
A vontade de voltar
não impede a de seguir
e, por onde quer que eu vá,
estarei vivendo em ti.
Partindo pra qualquer cidade,
tou voltando pra te ver;
ficando sob essas mangueiras,
fui-me embora sem querer.
Mandei trocar minha saudade
por um fato natural,
viver correndo pelo mundo
pra chegar no teu quintal.
Eu sou mesmo como um rio
que se vai enquanto vem,
o reverso do navio,
que não fica, estando além.
No Caribe, estou aqui;
se atravesso, fico aquém;
mas, se estou longe de ti,
tua presença me retém.
Eu nunca fui embora,
mesmo quando parti,
fui voltando pra tua porta,
vivo chegando aqui.
Cubanita
(Almir Sater & Paulo Simões) - com Almir Sater
Cubanita me lembro bem
Que foi paixão à primeira vista
Voce era dentre todas
A mais bonita
Admita que quando voce me viu
Sentiu coisa parecida
Me olhou com aqueles olhos
De bandida
Fez amor como bailarina
Me beijou me enlouqueceu
Mas chorou feito uma menina
Quando amanheceu
Senhorita voce fugiu
Daquela ilha socialista
Algum barbudão te deu
visto de turista
Mas assim que chegou aqui
Caiu na farra capitalista
Andava de limusine com motorista
Hermanita sabemos bem
Foi tão bom quanto tinha que ser
Mas seguimos os nossos caminhos
Porque nos convém
Reconheço bem que voce me avisou
Da sua veia de artista
Sumiu...se evaporou
E não deixou pista
De repente vem gente e diz
Que te viu casada com economista
Um outro te viu
pelada numa revista
Cubanita
Onde estiver
Amsterdã
Ou em Nova Guiné
Será sempre
E não só pra mim
Uma linda mulher
Cubanita linda
Te quiero
E digan lo que digan
Te quiero
Seras bienvenida
Em mi vida
Hermosa señorita
Te quiero
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